16/11/2010

"KARMA", em Budapeste

Estamos perdidos?
Se você está numa cidade desconhecida, com uma língua que não é a sua, já está perdido. Para que se preocupar se está "aqui" ou "ali" no mapa se tudo é desconhecido? Desbrave. Construa seus próprios caminhos, descubra por si próprio essa cidade e fatalmente descobrirá seu povo, suas características e muito mais do que imagina.
Sempre penso isso em toda viagem e acontece alguma coisa dentro de mim que em um dia me transforma quase que em nativa no lugar aonde estou. Aprendo rápido, sei onde estou e descubro coisas novas. Essa é a parte mais interessante para mim... das coisas que não estão programadas e vêm como bônus num espaço onde o coração escolheu ir para a direita ou para a esquerda... a alma conduz o viajante. Esse é o espírito de qualquer uma das minhas viagens.
Hoje estou "perdida" em Budapeste. Quando falo perdida é metaforicamente, quero dizer que estava "perambulando a minha maneira" em Budapeste. Peguei o trem 2 que margeia o Danúbio, fui do ponto de partida até o final e voltei. Na volta, não terminei o percurso, claro, porque já sei exatamente onde estou e parei na ponte principal para pegar um ônibus que vai a uma rua badalada de cafés para eu tomar um lanche. Enquanto o ônibus não vinha, me debrucei sobre a ponte, olhando o castelo, as igrejas do outro lado (Buda) e bem acima do Danúbio, a Lua Crescente, linda. Não perco uma oportunidade de conversar com a lua e fiquei lá imaginando quantos de meus antepassados se debruçaram ali, quantos namoraram ali, como um casal a uns passos de mim, quantas estórias do passado, já se deram ali e que na teia da vida, construíram uma rede que me trouxe até aqui, até essa vida, até esse momento. E será que eu mesma, já fui um desses personagens? E aqui, bem aqui, chegando em Budapeste, me deparo com uma notícia do outro lado do oceano, de algo que parece que teve um "gap" na minha história e agora precisa fazer um remendo.
O ônibus chegou, mas os pensamentos não cessam. Continuei pensando e cheguei a uma conclusão.
Viajar é como nascer. Escolhemos um destino, da mesma forma quando nascemos, escolhemos um destino. escolhemos uma cidade, da mesma forma que escolhemos nossos pais, para serem a base de nosso processo para cumprir o destino. Ao nascermos, escolhemos inconscientemente nossos carmas e como passamos por eles é o nosso aprendizado; nas viagens, às vezes escolhemos inconscientemente nossos carmas e como passamos por eles é nosso aprendizado para tornar a viagem, maravilhosa ou horrível. E tanto os obstáculos, como as bênçãos, aparecem em ambas as viagens! Mas o mais importante desse pensamento é que em ambos os casos chegamos perdidos e temos como única meta nos encontrar. A meta não é encontrar qualquer museu, monumento ou história, a meta é encontrar pelo caminho a nossa história, a que traz paz, satisfação e conforto dentro de nós, sozinhos, em qualquer lugar. Essa é a meta de ambas as viagens!
E sem querer, me atraio por luzes num restaurante que sou atraída a ficar e quando chego bem perto vejo seu nome... KARMA!

2 comentários:

  1. Simplesmente sensacional seu post Lu!!!
    Nossa... No sense!!
    Sensacional, incrível, indescritível.
    Aproveite bastante!!! Curta cada momento!!
    Seja feliz! Onde quer que esteja! Afinal, este é o objetivo não é mesmo?
    Beijo grande pra você!
    Se cuida!

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  2. Assim que li o texto pensei: Que sensacional este texto! E olhei o comentário logo abaixo e percebi que a percepção tinha sido a mesma.
    Bem, que bela viagem interior dentro da viagem exterior. Isso é o que chamo de experienciar a vida de forma consciente. A viagem do desperto, daquele que sente e dá sentido as suas vivências para seu autodesenvolvimento.
    A viagem é sempre sem destino, a vida é para ser experienciada,sentida, saboreada, desenvolvida rumo aos caminhos da sabedoria espiritual.
    Simplesmente maravilhoso, Lu! E a viagem continua...
    Beijos!!!

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